Kamen Rider Ex-aid e os médicos dos games

Esta análise contem SPOILERS e OPINIÕES PESSOAIS.

A série do 46° ano da franquia Kamen Rider, Ex-aid deu o que falar até mesmo antes de estrear, com seu "visual feio" e tema de games (inédito na franquia) e medicina. Ué, medicina?

O enredo roteirizado por Yuya Takahashi, produzido por Motoi Sasaki (Kamen Rider Ghost) e Takahito Omori (Kamen Rider Drive, Kyoryuger), e dirigido por Shojiro Nakazawa (Shinkenger, Kamen Rider Wizard, Zyuohger), é baseado nos Bugsters, vírus que causam a "doença do jogo" nas pessoas, fazendo com que suas aparências tendem a desaparecer conforme se estressam, que foi criado por Kuroto Dan, ninguém menos que Kamen Rider Genm e presidente da Genm Corporation, a empresa desenvolvedora de jogos que criou o Gamer Driver (cinto) e os gashats (espécies de cartuchos, inseríveis no Gamer Driver para transformação em Kamen Rider e promover poderes ao usuário).

Kuroto criou o vírus Bugster em sua adolescência, quando sua mente psicopata já se autodenominava "deus dos jogos", e Emu Hojo (protagonista, médico residente e Kamen Rider Ex-aid), na sua infância quando era fã da Genm Corporation, tinha ótimas idéias melhores que a do Kuroto, sua inveja o fez criar o vírus para infectar o jovem menino, tornando-o o "paciente zero", assim Emu não precisou da "cirurgia de compatibilidade" igual os demais, dentro de si existia um vírus Bugster.

Os outros riders também tinham seus dramas pessoais, como Hiiro Kagami, Kamen Rider Brave e conhecido mundialmente como o cirurgião prodígio, perdeu a namorada para o vírus do jogo, ao mesmo tempo, culpava o outro médico Taiga Hanaya, Kamen Rider Snipe pelo desaparecimento de sua namorada. Enquanto isso, Kiriya Kujo, Kamen Rider Lazer, era médico legista e queria estudar os bugsters para conseguir uma provável cura.

No início dos rumores, a série causou o maior reboliço por conta de seu visual, a típica "vergonha alheia", mas desde muitíssimo tempo, o fandom da franquia sabe muito bem que visual não significa qualidade. A série evita ao máximo os fillers (episódios que não contribuem em nada com a história, popularmente conhecidos como "episódios para encher linguiça"), no caso, o único episódio onde eu particularmente julgo filler é o episódio 17, mas mesmo assim, ele serve para demonstrar a psicopatia do Kamen Rider Genm perante a vida de seus aliados.

A série toda pode se comparar a uma novela, com reviravoltas que ninguém imaginava, revelações bombásticas a cada episódio, criando aquela ansiedade pelo próximo capítulo, com traições em família e o vilão colocando no espectador o sentimento de "FO***".

Um ponto que achei ruim é o fato de Kuroto Dan (Genm) inicialmente ser o vilão principal, demonstrando sua insanidade para que ele seja reconhecido pelo mundo como o "deus dos jogos", mas após a sua primeira morte, sua insanidade continuou com o mesmo motivo, só que desta vez, ajudando os heróis e se tornando um personagem cômico, e o vilão principal foi substituído pelo seu próprio pai Masamune Dan (Kamen Rider Cronus), o real dono da Genm corp., que foi substituído por Kuroto após sua prisão.

Pallad (Kamen Rider Para-DX) e seu dilema de "qual a função dos bugsters na Terra?" me arrancou várias lágrimas, onde ele não sabia se tentava eliminar os humanos, ajudar os riders ou jogar com o Emu.

Cronus era cruel, tentava inpor sua empresa como a maior do mundo. Mais insano que o próprio filho, tinha o poder de parar o tempo usando o "pause" de seu cinto e ganhar vantagem sobre os demais mais fortes. O único que era imune era Ex-aid com o Hyper Muteki. Outros que tentassem usar o Muteki, tinham apenas 10 segundos livres para agir durante o pause.

Como grande clichê de séries japonesas para crianças, o vilão final não foi Cronus, e sim o monsteo Genmdeus, chefão final do tenebroso jogo "Kamen Rider Chronicles" da Genm corp. Porém, Cronus absorveu seu poder e em seguida foi separado do mesmo para que sejam ambos derrotados.

Além disso, durante os episódios, a série deixou muitas pontas soltas para que no final, tudo fosse esclarecido e desse sentido a tudo que aconteceu, como a idéia que Bugster não foram criados para tomar o lugar dos humanos, e sim para jogar com eles e divertirem-se. (Confesso que chorei nessa parte)

Repleto de referências a games como Crash Bandicoot, Super Mario e outras referências a jogos de aventura...apenas no primeiro episódio, Ex-aid causaria um ataque cardíaco no Capitão América e nos fãs de games como eu. Sons em 8-bit, além de claras referências a jogos famosos como Megaman, Sonic, até Mario Kart, a série encantou os gamers mais velhos e os mais novos.

Há 2 cintos, o Gamer Driver, baseado em um console de jogos de mesa com cartuchos, e o Buggler Driver, baseado em um console portátil, ambos usam gashats para transformação.

Parece que desta vez, a Toei acertou na medida de uma série de Kamen Rider. Desde W e Gaim, uma série não prendeu tanto o público japonês, mas isso não se refletiu na audiência, e sim na venda de brinquedos, a maior fonte de renda que mantém tokusatsus e animações japoneses. Fóruns online e grupos do Facebook de tokusatus e produções japonesas do ocidente comentaram sobre cada episódio e gerou uma enorme expectativa para o final, que se tornou arrepiante para quem se apegou a cada personagem da série.

Ao fim da série, resta ver os filmes, mas o maior foco é a série substituta: Kamen Rider Build, será que ela será boa?